terça-feira, 21 de dezembro de 2010

2010

Não posso deixar o ano acabar sem me despedir dele. Devo isso a 2009, porque peguei pesado com ele.

Mas antes disso preciso pedir desculpas a todos os 3 fãs que acompanham este blog. Os últimos meses de silêncio não significam descaso, apenas um período de readaptação às mudanças ocorridas. De agora em diante pretendo retomar a regularidade dos posts.

Então começo a me despedir de uma forma simples, porém sincera: Obrigado 2010!

Você foi, desde o início, muito generoso comigo e com a minha esposa (tudo bem que para ela a sua generosidade resultou em dias com mais de 24 horas muitas vezes). E olhando para trás vejo que realmente começamos bem com aquela viagem para a Bahia (ver post antigo). O despertar do espírito aventureiro, o renovar dos votos e a certeza da cumplicidade (mesmo quando a viagem parece que vai ser um episódio de “Cilada”).

O estreitamento do laço afetivo de amizade com amigos no trabalho também foi muito enriquecedor, sobretudo para quem tem muitos colegas e poucos amigos. E acho que pude marcá-los de alguma maneira, porque quando saí do Rio recebi um presente que vou guardar na estante e no coração o resto da vida.

Os desafios no trabalho foram muitos, como sempre. Mas este ano saí da minha zona de conforto para poder me aventurar e aprender um pouco mais sobre esse mundo encantado das publicações. Aprendi muito no pouco tempo em que exerci a função, mas infelizmente por um lado, e felizmente por outro, não pude dar continuidade ao trabalho porque você, 2010, me reservou uma surpresa inimaginável.

Nunca há concurso para quem fez Letras, a não ser que seja para lecionar. Eu nunca tinha feito concurso. Eis aí uma equação que tinha tudo para dar errado. Não apenas fiquei sabendo através de uma amiga, como fiz e passei. E após algum tempo de apreensão, doses de acaso e um punhado de inteligência emocional, 2010 me presenteou com a possibilidade de concretizar um sonho meu e da minha esposa de mais de sete anos e que estávamos quase certos de que não realizaríamos mais – ir para uma cidade menor, com mais qualidade de vida, estar mais próximo da família e poder trabalhar naquilo para que estávamos nos preparando. É bem verdade que o sonho não está completo, temos alguns passos a dar e obstáculos a enfrentar. Mas estamos bem encaminhados.

E 2010 foi tão generoso que já de saída nos presenteou com o Kinho, que chegou para abençoar a casa da minha cunhada e do marido e, consequentemente, a dos padrinhos também.

Não posso esquecer (é tipo, não esqueceria) de mencionar o último jogo do tricampeonato brasileiro. Neste, senti-me dentro de uma das crônicas de Nelson Rodrigues, ou até do Veríssimo, se quiser acrescentar um pouco de humor. O jogo começou eu estava no ar; desci em São Paulo no fim do primeiro tempo; acompanhe os melhores momentos na televisão de uma cafeteria cercado de “manos” e “minas”; assisti até o gol do Emerson, comemorei e corri para embarcar; ouvi os últimos minutos por uma rádio paulista com um fone de ouvido escondido por dentro da blusa e olhando para a janela para não tomar esporro da aeromoça; e vibrei sozinho no apito final com um soco na perna e um urro contido durante a decolagem. Os tricolores que me lêem sabem, quando percebi que seria muito difícil conseguir, senti que o título estava mais perto.

E para fechar o ano com chave de ouro, cá estou, escrevendo de Bonito, após quatro dias de grutas, cachoeiras, rios, botes, peixes e degustações que variaram de capivara, javali, tartaruga, coxa de jacaré, pastel de pacu, até um X-jacaré. Uma viagem maravilhosa, para celebrar um ano maravilhoso, que terminará com Natal e Ano Novo em família.

É por esses motivos, e muitos outros, que repito: Obrigado 2010!



Que venha 2011!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

É só futebol

Qual foi a novidade? Vai dizer que alguém realmente acreditava logo após a convocação que a seleção ia faturar o hexa?


Todo mundo sabia que mais dia menos dia seríamos eliminados, fosse na primeira fase, nas oitavas, nas quartas, nas semi ou na final (nesta com muito boa vontade).


Recapitulando:


- O Dunga nunca foi técnico; o Felipe Melo não é jogador para a seleção; o Robinho não é meia; o Michel Bastos não é lateral, é ala; o Gilberto foi lateral; o Maicon e o Daniel Alves não são laterais, são alas; o Júlio Batista não é meia, não é atacante, não é volante... pra falar a verdade eu nem sei o que ele é.


- Kaká, cérebro do time e voltando de lesão, não tinha um substituto direto ou com características semelhantes, ou seja, se fosse expulso (como foi) ou caso se machucasse de novo, não conseguiríamos manter a mesma composição tática.


- O time só sabia jogar pela direita, uma vez marcada, não tínhamos outra opção.


- Não tínhamos no banco opções para mudar a cara de um jogo. Nosso banco ela limitado e cheio de muito do mesmo.


Enfim, essas são apenas algumas das razões pelas quais não iríamos ganhar este mundial.


Isso não quer dizer que o Dunga tenha feito um trabalho ruim. Não, o trabalho foi bom. Bom para ganhar uma Copa América, bom para ganhar uma Copa das Confederações, bom para ficar em primeiro nas eliminatórias sul-americanas; mas não foi um trabalho bom para se vencer uma Copa do Mundo. Para tentar vencer uma Copa do Mundo você precisa ter à sua disposição os melhores jogadores e, com eles, montar um time. Dunga formou um time, mas não com os melhores jogadores. Mas lembremos que validamos a sua escolha quando condenamos a seleção de 2006 e elegemos os culpados.


Mas o que realmente queria falar não era nada disso. Queria lembrar que não há razão para essa fossa durar mais de 24 horas. Acho que em determinados momentos canalizamos nossas emoções mais superficiais e mais profundas para coisas muito simples que adquirem uma proporção que não deveriam ter. E o futebol, a cada dia que passa, caracteriza-se como um receptor direto para essa canalização.


Percebam, o futebol é um esporte, assim como o vôlei, o xadrez e o ciclismo – não estou discutindo popularidade. Como qualquer outro esporte, ele é praticado por seres humanos passíveis de erro, certo? Logo, não há como exigir perfeição. Todo mundo acompanhando? Ótimo. Então, nada mais normal que atletas errarem, e desses erros surgirem possíveis derrotas. Portanto, qual a lógica em se crucificar um atleta pelo erro? Nenhuma, porque ele, o erro, cedo ou tarde acontece. Qual a necessidade de se procurar um “culpado” pelo “fracasso”? Lembremos que, por essência, o esporte nos ensina, desde pequenos, a vencer e a perder; nos ensina que ganhar e perder são duas faces de uma mesma moeda, e que essa moeda ajuda a construir nosso caráter, independentemente dos resultados que obtivemos no jogo ou na vida.


Continuemos torcendo pelos nossos times e pela seleção, mas lembremos que no apito final o que se encerra é apenas uma partida de futebol, nada mais.


Enfim, em se tratando de seleção, precisamos aprender a perder, ou corremos o risco de estragar uma das poucas coisas em que ainda somos os melhores do mundo.


Afinal, 2014 já é amanhã.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Declaração de União Estável

Após sete anos juntos resolvemos fazer uma Declaração de União Estável. A decisão tem vários motivos para ter sido feita e não substitui o casamento que um dia irá acontecer.


Mas o que quero destacar aqui é o fato de que para fazer isso eu precisei deixar uma módica quantia de 350 reais na mão da simpática senhora que me atendeu, o que me deixou bastante confuso. Vou tentar explicar:


Eu paguei para que ela garantisse ser verdade algo que ela precisa que eu confirme ser verdade. Sim, porque se eu não disser, ela não sabe que é verdade. Então, tecnicamente, estou pagando para que a minha verdade seja impressa pelo computador dela, após ser confirmada por mim. Se ela está lá para garantir legalmente que aquilo é verdade e, para isso, ela precisa da minha confirmação, por que ela recebe e eu pago? Cada um fez, digamos, metade do trabalho. Se ela tem o poder e eu a informação, acho que seria mais justo recebermos (eu e a senhora do cartório), de toda e qualquer instituição que queira saber se meu relacionamento é verdade, o valor e dividirmos 50% para cada um. Sim, porque eu não preciso sair confirmando meu relacionamento que nem um louco pelo meio da rua. Os amigos, as pessoas próximas e a família sabem. Se alguém, pessoa ou instituição, quiser saber e exigir que eu confirme legalmente, que pague por isso.


Uma outra opção, na pior das hipóteses, seria eu ter 50% de desconto na hora de pagar, dado que contribuí com metade do trabalho.


Fica a dica.

domingo, 11 de abril de 2010

Nova Campanha

GOVERNOS FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL ADVERTEM:

SE CHOVER, NÃO DIRIJA!


Prefeitura do Rio - Trabalhando para você desde 1966.

(Estação Leopoldina, 1966)

sábado, 3 de abril de 2010

Capitalização


Há três anos fiz dois títulos de capitalização, um no meu nome e ou no nome da Tatiana. Ambos chegaram ao fim no início de março. Um foi depositado direto na conta e o outro não. Estranhei e entrei em contato com o Real, que me encaminhou para o setor de “Capitalização”.

Fui informado que Tatiana teria de ir até a boca do caixa para retirar o valor, pois o título estava no nome dela. Detalhe, a conta é conjunta (aqui faço uma pausa para introduzir e apresentar pela primeira vez um conceito que irá repetir-se ao longo deste breve relato, o famoso Foda-se!). Então, sem mais delongas, foda-se que a conta é conjunta, afinal de contas faz todo o sentido você poder contratar, debitar na conta, mas não pode receber na mesma.

Uma semana depois, Tatiana dirigiu-se a uma agência em um shopping. Quando chegou ao caixa foi informada de que não havia nenhum valor associado nem ao nome dela nem ao CPF. Entramos em contato com o setor de capitalização e fomos informados que havia um prazo para a retirada do valor e que se o mesmo não fosse retirado neste prazo e retornaria para o setor de capitalização e precisaria ser solicitado novamente. Detalhe, estava sendo informado disso pela primeira vez. Perguntei o prazo e escutei 10 dias úteis. Cálculo rápido e ainda estávamos entro do prazo. Então, foda-se o prazo dado, o que vale mesmo é o banco querer que esteja lá ou não. Tatiana foi, então instruída a aguardar cinco dias e entrar em contato com o SAC para solicitar que o dinheiro fosse novamente disponibilizado para ela retirar. Recapitulando, ela saiu mais cedo do laboratório, deslocou-se até uma agência do banco para tirar um dinheiro que é dela, que burocraticamente não foi depositado na conta corrente e sim disponibilizado no caixa, entro de um prazo que eles mesmos estipularam, o dinheiro não mais estava lá, ninguém resolveu nada e ela é quem teria e ligar para o SAC e pedir que o enviassem novamente. Foda-se o seu trabalho, foda-se o seu tempo, foda-se a sua rotina, foda-se tudo e qualquer coisa!

Liguei para a Ouvidoria para fazer a reclamação e pedir uma satisfação sobre o que estava acontecendo. Após o relato, fui informado que em um prazo de cinco dias úteis eu receberia um retorno sobre o que estava acontecendo e o que precisaria ser feito dali pra frente... ou seja, ganhei um foda-se também da Ouvidoria!

Os dias se passam e Tatiana recebe um e-mail do banco informando que ela teria um novo prazo para comparecer a qualquer agência para retirar o dinheiro. Já calejada, ela foi no dia seguinte novamente até a mesma agência. Ao ser atendida, foi informada novamente que nenhum valor havia sido disponibilizado nem para seu nome nem para o CPF. Outro foda-se!

Ela me ligou e eu fui até uma agência do mesmo banco no Centro para tentar uma solução. Para a minha sorte, a gerente que me atendeu, a Margaridângela (os nomes serão trocados para evitar retaliações, mas quem descobrir os dois ganha uma paçoca), conhecia o Caetanoson, gerente da agência do shopping. Ela, então, puxou o telefone e os dois velhos amigos começaram a conversar. Explica de lá, explica de cá, ambos viam no sistema o dinheiro disponibilizado, mas por alguma razão “sistêmica” não estavam conseguindo efetuar o pagamento no caixa. Olha o foda-se aí gente!!!

Enquanto isso Tatiana comigo no celular, em tempo Real (com o perdão do trocadilho), narrava que Caetanoson entrava em uma sala, saía de outra, ia no computador, fazia polichinelo, pulava num pé só, etc. Margaridângela e Caetanoson desligaram; nós também.

À noite, em casa, Tatiana contou que teve de ouvir do gerente:

- Se a senhora quiser, deixe uma autorização que eu retiro o valor quando ficar disponível e me comprometo a entregá-lo assim que retirar. (Cá entre nós agora o foda-se vai pra ele!)

Após observar a cara de Miss Limão da minha irritadiça “senhoura” o dito emendou de prima!

- Ou a senhora aguarda cinco dias e entra em contato com o SAC novamente para tentar ver o que está acontecendo. (Mais um foda-se para encerrar a participação de Caetanoson.)

Contei a ela, também, o que ouvi de Margaridângela:

- Meu amor, o Caetanoson trabalhou com capitalização, inclusive ganhou prêmio. O problema não está entre o monitor e a cadeira. O que você tem que entender é que a capitalização é controlada por uma empresa em São Paulo, eles é que têm de liberar esse valor. Se você não retira no prazo, o dinheiro volta pra lá e tem todo um trâmite, enfim. Eu estou visualizando que o valor está disponível, o gerente lá da outra agência também, só que ele não está conseguindo que isso seja feito no caixa. (permitam-me colocar em caixa alta: FODA-SE!)

Resumindo, a Capitalização funciona, o Banco também, o sistêma é ótimo e permite a visualização do dinheiro, Caetanoson é competente e inteligente, Margaridângela é bem relacionada e gentil, está tudo na mais perfeita ordem. O único detalhe é que eu não consigo pegar a porra do meu dinheiro!

Nesse momento de aquisição do Real pelo Santander, me peguei querendo parabenizar o pessoal do Real por ter conseguido passar pra frente a trolha. Só fico com pena de quem assinou o cheque lá no Santander... está prestes a ver a merda que fez!

Enfim, para finalizar, ainda estamos sem o dinheiro, aguardando um retorno do banco, do SAC, do Dunga, de Cristo, de qualquer um. Mas continuamos com fé, afinal de contas, mesmo não tendo sido sorteados ao longo do período da capitalização, a gente tem esperança de dar a “sorte” de ter de volta um dinheiro que já é nosso.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Um efusivo e saudoso abraço a Armando Nogueira

No último dia 29, Armando Nogueira partiu para rever Garrincha e nos deixou órfãos da leveza e singularidade maestrais com as quais tratava do mundo da bola. Dentre seus muitos feitos jornalísticos, o que mais me encanta é a forma simples e cândida como verseja sobre uma paixão tão rústica e densa - o futebol.

Os que o conhecem, sabem do que falo; os que não, têm uma boa oportunidade de experimentar algo novo.

Escolhi para homenageá-lo uma crônica que ele escreveu por ocasião dos 25 anos do falecimento de Nelson Rodrigues. O poeta da bola falando sobre o contista da mesma – achei pertinente a dupla homenagem, além do que não poderia deixar o Fluminense de fora.



"Nelson Rodrigues, 25 anos sem ele


Até os idiotas da objetividade têm saudades do maior cronista do futebol mundial


Há 25 anos, morria Nelson Rodrigues a quem sempre considerei o maior cronista esportivo do Brasil e do mundo. Nunca pretendeu ser um catedrático, um “expert” na matéria, mas ninguém jamais conseguiu ver o futebol com o olhar contemplativo, poético e apaixonado com que Nelson o viu durante mais de meio século.

Nelson era míope, enxergava pouco, mas tinha uma espantosa sensibilidade para recriar uma partida de futebol, dando-lhe tintas ora épicas, ora dramáticas, ora patéticas.

Uma explicação. A meu juízo, o jornalismo esportivo se divide em três categorias profissionais: o repórter, que lida com a informação, o comentarista, que se ocupa da análise dos fatos e, por fim, o cronista, que não tem maiores compromissos com a realidade.

Nelson tinha plena consciência do seu papel. Ele pouco se lixava para as verdades e versões em torno de um jogo ou de um jogador, de um gol, de um triunfo ou de uma derrota.

– Se os fatos estão contra mim, azar dos fatos... – era o que me respondia quando eu discutia com ele sobre futebol.

Confesso que levei muito tempo até perceber que Nelson tinha razão. Afinal, se não dá pra imaginar o futebol alheio à realidade dos fatos, muito menos dará pra imaginá-lo alheio à fantasia, que era o universo preferido por ele.

Era um otimista desvairado. Torcia pelo Fluminense. Pelo Fluminense distorcia, também. A seleção era, para ele, a pátria de chuteiras.

Cigarro ‘Caporal Douradinho’ entre os dedos, olhar manso, voz cansada, ele sempre me perguntava à saída do Maracanã: “E então, Armando, o que é que nós dois achamos do jogo?” A pergunta tinha apenas sabor de saudação. Ele não queria ouvir a opinião de ninguém. Preferia, sempre, a dele próprio, que não vinha do campo. Vinha de um sonho de 90 minutos. Nelson recriava o jogo, indiferente à realidade. Os fatos estavam contra ele? Pior para os fatos.

Via o jogo ao lado de Gravatinha. Pânico na área do Fluminense: beques vencidos, goleiro batido, a bola quase entrando no gol de Castilho. Um dedinho invisível desviava a bola pela linha de fundo, salvando o gol certo. Milagre do Gravatinha, ditoso personagem que ele criou para explicar as inexplicáveis vitórias do Fluminense. Era o almofadinha. O pó-de-arroz nato e hereditário.

O oposto do Sobrenatural de Almeida. Sobrenatural era o vago sinistro. Não torcia especialmente por ninguém. Tramava na pequena área, às vezes contra, às vezes, a favor.

Jogador do Fluminense não era gente como nós, de carne e osso. Era entidade. Cada um com sua aura. Rodrigo, atacante de parco futebol, revivia, no campo, Cid, o Campeador, herói espanhol do século XII. Assim, Nelson o retratava em sua crônica. Épico. Assim a torcida tricolor o saudava na rua e no estádio. O time do Fluminense, do goleiro ao ponta-esquerda, jogava de sandálias – as pungentes sandálias da humildade. Era a mitologia tricolor na prosa esplêndida de Nelson. Frases musicais. Metáforas sempre primorosas. Pérfidas, quase sempre. Eu mesmo amarguei a pena impiedosa dele. Nunca perdoou que eu tivesse descoberto na seleção húngara do Mundial de 54 uma equipe melhor do que a brasileira.

Nelson Rodrigues, amável carrasco do meu sensato amor pelo futebol. Passei a vida inteira para descobrir que ele tinha razão: o futebol não é nada sem o delírio, sem o doce desatino da paixão. Como a que ele viveu pelo Fluminense e pela Seleção."
 

segunda-feira, 22 de março de 2010

descrição da situação ao modo Tatiana de ser!!!

Agora ao modo Tatiana de ser !
Moro no mesmo apartamento, vi e revi essa história várias vezes ao longo desses quase 3 anos que estamos aqui...mas de tudo o que li, o mais representativo de tudo é a foto do macaco. Eu me vi naquele macaco !!!!! Não poderia haver uma foto mais ilustrativa da minha cara durante as idas e vindas de cada encanador ou pedreiro que esteve aqui...vou explicar com uma analogia e vcs me entenderão perfeitamente e tenho certeza que serão tão compreensivos qto eu e se passassem pela situação tbem se veriam naquele mico!!.


Pense na seguinte situação: eu, dentista, tenho um consultório. Vc, paciente, vai ao meu consultório e pede para restaurar um dente. Beleza, eu OLHO O SEU DENTE digo que será um procedimento simples e marco um horário para vc voltar. Tudo noos conformes.
No dia que marquei, vc sai mais cedo do trabalho, passa a maior lábia no chefe e diz que vai ao dentista e aproveitará para resolver todas as suas pendências naquela  tarde (vc já aproveitou para aumentar um pouquinho seu sofrimento porque, afinal, ida ao dentista é sempre um tormento, né, e seu chefe que já fez tratamento de canal sabe disso e foi super-solícito !). Então, vc planejou que sairia do meu consultório e aproveitaria p passar no shopping ou pagar contas... Nesse dia, com horário MARCADO, eu chego 2 horas atrasada! Vc já perdeu metade do seu passeio, mas enfim eu cheguei. Mando vc enrar com um sorriso cínico nacara de quem nem lembra que marcou com vc 2 atrás. Vc entra, senta na minha cadeira eu olho seu dente e digo: "vixe, acho que não tenho a broca certa, esqueci de comprar a broca. Mas não se preocupe, vou usar essa aqui mesmo que é quase a mesma coisa". Vc tá lá confiante, boca aberta. Daqui a pouco eu falo o seguinte "vixe, tá maior do que eu pensava... vou ter que abrir mais o seu dente porque naquele dia a luz do refletor não estava boa e eu não sabia que a cárie estava tão grande !” Vc não esperava por essa, afinal EU JÁ TINHA OLHADO SEU DENTE ANTES, começa a ficar incomodado e além disso já começa a duvidar da minha competência. Mas eu digo pra vc: "fica tranquilo, isso acontece muito”. Tenho certeza que na hora vc vai se perguntar se acontece muito ou se acontece muito COMIGO!!”

Continuamos mais um pouco, a luz do refletor apaga, não consigo consertar e portanto não enxergo seu dente direito. Começo a suspirar, levanto do meu mocho várias vezes procurando material pelo consultório, xingo a secretária de incompetente...até que te falo que não tenho a cor da resina que tinha que colocar no seu dente. Então, enfio uma massa cor de rosa provisória no tal dente, te mando para casa e marco com vc outro dia!” Detalhe, o dente que eu estou mexendo é o da frente !!! Tenho certeza que vc vai compreender que isso é perfeitamente normal, sua paciência e compreensão são infinitas e logicamente entende que esse nenhum dentista tem todo  material necessário à mão para qdo precisar. Além disso, com certeza seu chefe vai te liberar mais uma ou 2 tardes porque as coisas acontecem assim mesmo (e ele é o melhor chefe do mundo !!) !

Não?! Vc não entenderia?! Nossa, como vc é irracional!!!

Pois é,  algo mais ou menos assim acontece com os profissionais que a imobiliária manda para consertar as coisas nesse apartamento. O cara chega p consertar um cano e não traz chave-inglesa. Chega para arrumar uma descarga e não traz chave de fenda. Vem colocar um chuveiro e esquece a escada e a fita isolante! Além, é claro de nunca chegar no horário marcado.

E eles não entendem porque é que eu me irrito e pergunto se eles "sabem o que estão fazendo!?" Tbem não entendem porque eu faço cara de "miss-limão" qdo eles dizem simplesmente boa tarde!
Nunca conseguem resolver nada em um dia porque nunca trazem o material todo (ou em alguns casos: o mínimo!). E ainda tem a cara de pau de querer que eu fique em casa para que venham "A PARTIR DAS 13:00"... como entrega de loja: vc que espere a tarde toda e seu emprego que se ferre!!!!!!
Afinal, de quem é o dente, meu ou seu???????


domingo, 21 de março de 2010

Casa-escola

Não me entendam mal, considero louvável a arte de aprender com o ofício. Mas certas coisas têm um limite.

Este fim de semana, descobri o conceito de casa-escola. Vou tentar explicar.
Sabe aqueles serviços de casa que nós, na maioria das vezes, não fazemos por acharmos que a chance de fazermos merda é grande?

Pois é, “SEUS POBREMAS SE ACABARAM-SE!” Chegou a CASA-ESCOLA. A casa-escola é o lugar onde você aprende fazendo.

O apartamento em que moramos tem alguns problemas crônicos, no banheiro social, no banheiro de empregada, na cozinha, enfim... E conforme os anos foram passando, fomos descobrindo um a um. E invariavelmente os problemas foram se mostrando resultado deste conceito. Vou tentar ilustrar com o exemplo da última semana que se desenrolou no sábado.
Nosso banheiro do fundo apresentou um problema na descarga, ela disparou e não voltou mais. Fechamos o registro e aguardamos no sábado passado a visita do funcionário da imobiliária (quem acompanha o blog já deve ter ouvido falar da figura). Como esperado, ele não apareceu, não deu notícia e, na segunda, a funcionária da imobiliária ligou me pedindo desculpas. O funcionário dela alegou que havia perdido a hora e por isso não tinha aparecido. Ela se comprometeu, então, a mandar alguém durante a semana para adiantar o trabalho quebrando a parede e deixando tudo preparado para a troca no sábado seguinte.

Durante a semana, Sebastião veio, quebrou e adiantou o serviço. Marcamos o retorno dele para o sábado 8 horas da manhã para que eu pudesse estar presente sem prejudicar minha pelada às 10h.

Obviamente ele chegou às 8:45h. Pediu que eu fechasse a água rapidinho que em 10 minutinhos estaria tudo pronto. Chamei o administrador e fui junto com ele ao telhado fechar o registro geral. Quinze minutos depois, ao retornar, encontrei a Tatiana na cozinha soltando fumaça pela venta e com uma tromba enorme. Percebi que o chão da cozinha estava com azulejos e pedaços de tijolos quebrados. Também notei que conseguia enxergar, da minha cozinha, o banheiro de empregada e a cara do Sebastião lá dentro. Confesso que na hora procurei aquele miquinho da propaganda dos tubos Tigre. Acho, inclusive, que vi um cortando cebola pra Tatiana e outro espirrando em cima da geladeira por causa da poeira.

Perguntei o que havia acontecido. Sebastião respondeu que aquela descarga era das antigas, era grande e que ele teve que quebrar para conseguir tirar. Discretamente perguntei à Tatiana se outra pessoa tinha vindo durante a semana e ela disse que não, que era ele mesmo. Acompanhe meu raciocínio, se ele veio durante a semana pra deixar tudo quebrado e pronto para a troca no sábado, porque o infeliz não quebrou tudo logo de uma vez? Até porque a parte da descarga que seria trocada estava toda visível dentro do banheiro, ele não pode dizer que não viu que tipo de descarga era. Vem durante a semana e faz o quebra-quebra todo para adiantar ou não vem e faz tudo no sábado, certo?

Depois de instalar a nova descarga ele começou uma batalha para encaixar o cano novo. Ele comprou um pedaço de cano maior que o necessário e ficava tentando encaixar uma extremidade no cotovelo que dava para o vaso e a outra na nova descarga. Precisou de quatro tentativas para ele encontrar o tamanho certo para o encaixe. Vou tentar explicar a dinâmica: encaixa a parte de baixo, esquenta a outra extremidade, tenta encaixar na descarga, bate na lateral da mesma, desencaixa a parte de baixo serra um pedacinho e recomeça o ciclo. Entendeu?

Quando finalmente conseguiu e vedou tudo ele pediu que eu ligasse a água. Pedido atendido rapidamente. Retornei para ver o resultado e ele não conseguia fazer a água descer pela descarga. Testou a torneira da pia, água; testou o chuveiro, água; deu descarga, nada. Tive que ouvir: “Nunca vi isso acontecer. Você tem certeza que abriu a água?”
Deixe-me ver, retornei para a posição “Aberta” a mesma válvula que eu havia fechado 40 minutos antes. Água sai da torneira da pia, água sai do chuveiro... Abri a água, concorda comigo?

Fiquei parado na porta do banheiro assistindo ele apertar insistentemente a válvula (como aquelas pessoas que apertam insistentemente o botão do elevador como se isso fosse fazer alguma diferença). Fiquei me perguntando qual seria o procedimento mais óbvio a ser realizado caso eu, leigo, me visse diante daquela situação. Pensei, “Acho que afrouxaria aquele parafusinho do meio para deixar aquela mola mais solta e ver se faz alguma diferença”. Sem eu dizer uma palavra e cinco minutos depois de apertar incansavelmente o diabo da válvula sem sucesso, ele teve a mesma idéia que eu. Ação realizada, descarga dada, água fluindo normalmente.

Diante de mais este exemplo, entendi a função este apartamento na formação de alguns profissionais. Ele já serviu de aprendizado para futuros eletricistas, instaladores de boiler, encanadores, pedreiros, pintores e sabe-se lá o que mais.

Entendo que para se aprender com o ofício é necessário praticar e exercitar este ofício até que se consiga absorver a experiência e a bagagem de conhecimentos e habilidades necessárias para a função escolhida.

O que não entendo é por que todo mundo no Rio de Janeiro inventa de começar a aprender um ofício no apartamento onde moro!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Herrar é umânu

Nasci.

Até aprender a me expressar, fiz barulhos.

Até aprender a andar, caí sem parar.

Até aprender a usar o vaso, fiz na fralda.

Até aprender a falar direito, machuquei a gramática.

Até aprender a andar de bicicleta, ralei muito o joelho.

Por que é que quanto mais a gente cresce e mais simples ficam os aprendizados, menos toleramos nossos erros?

Disse “a gente” para me sentir mais à vontade, incluam-se fora dessa os que assim desejarem.

Quantos acertos você tem ao longo do dia? Pare para pensar, consegue se lembrar de algum? Provavelmente você se lembrou de algum ou nenhum, certo?

E quantos erros você cometeu ao longo deste mesmo dia? Alguns, não é? E você até consegue enumerá-los, estou certo de novo? Não se preocupe, não vou pedir para dizer quais. Mas mesmo quando não reconhecemos algum erro para os outros, não quer dizer que não saibamos que erramos. Introspecte-se (Machado que me perdoe!).

Se não é esse o seu caso, se o que eu disse lhe parece absurdo, aconselho seguir daqui para o do Bruno Mazzeo (http://bloglog.globo.com/brunomazzeo/).

Agora, se você acompanhou meu raciocínio até aqui, e vê algum sentido no que digo, eu pergunto: Por que é que esquecemos/ignoramos as dezenas de acertos que temos do momento em que acordamos até a hora de dormir?

Já parou para pensar na grandiosidade dos feitos de aprender a andar, a falar e a controlar suas funções orgânicas? Pois bem, se você acordou, deu bom dia para alguém e não mijou na cama... Parabéns! Em mais ou menos 10 segundos você já contabilizou 3 acertos para o seu dia. Aplique esse raciocínio e você verá que, por mais ridículo que pareça, ele mostra que tendemos a deixar de lado os acertos e nos concentrar nos erros.

Existe uma diferença entre querer acertar e não querer errar. No primeiro caso, o erro faz parte do processo; no segundo ele mina o aprendizado.

Aprender é arte. Aprender a errar é técnica.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Abrolhos

O barco que nos levou a Abrolhos chamava-se Imagine.





Imagine uma viagem que parece que tatua imagens na sua retina... pois é, Abrolhos é assim.







Imagine um lugar praticamente inabitado, preservado, sem a nossa interferência... pois é Abrolhos é assim.





Imagine um lugar onde você fecha os olhos e mira sua câmera para qualquer lugar em 360 graus e a foto fica linda... pois é, Abrolhos é assim.






Imagine um lugar em que você tira a sua melhor foto, a mais bela, e ainda assim ela não reflete o que seus olhos vêem... pois é, Abrolhos e assim.






Se você tiver a oportunidade em algum momento, não deixe de ir. Se puder criar essa oportunidade, o faça. A viagem é cansativa, são duas horas e meia de ida em um barco pequeno sem conforto e o mesmo tempo de volta. Mas as horas que você passa lá, na energia do lugar, fazendo parte daquela beleza, nadando naquela água, desfrutando do visual em cima e embaixo d'água fazem você esquecer de tudo e não ter mais vontade de sair de lá.





Hoje, eu conheço mais matizes do azul do que os esquimós do branco. 

A viagem

Precisava de um motivo especial para estrear o blog em 2010. Encontrei!

Prestes a adentrarmos a zona conhecida por abrigar a crise dos 7 anos, minha capanhera e eu conversamos, analisamos os feriados e vimos que nossa única possibilidade no ano seria viajarmos no carnaval. Eu tinha um dia de folga na editora e poderia alocá-lo na quinta-feira (pós-quarta de cinzas).

Uma vez identificado o momento, partimos para a decisão seguinte... pra onde?

Abrimos o mapa, o site da Gol e começamos a conversar. Exclui daqui, elimina dali, calcula tempo, calcula dinheiro... decidimos, vamos conhecer os lençóis maranhenses. Pesquisamos pousadas, custo, pacote, etc. Dois dias depois, saia nota em O Globo “Lençóis Maranhenses estão secos”. Resumindo, o que era um mundaréu de água tinha virado uma poça.

Mudança repentina de planos, preocupação, dúvida, e agora?

Eis que a louca do mapa me liga na editora: “Vamos pra Caravelas!”

Eu, então, como macho Alva da relação, decidi: “É, vamos mesmo.”

Ela pesquisou pousada, pacote, passeio e organizou tudo. Estávamos preparados para seguir para a Bahia, com o Táta 2 (veículo 1.0 também conhecido pelos menos íntimos como tartaruga), para ficar em Caravelas e passear por Abrolhos. Uma verdadeira aventura.

A IDA
Sexta-feira de carnaval, 14h, conforme combinado, ela me apanha na editora para ganharmos tempo e tentarmos evitar o trânsito da saída ponte e do primeiro trecho da estrada (pra quem não conhece é por onde passa 80% do Rio de Janeiro que viaja no carnaval)

Primeiro diálogo da viagem:

- Viu meu e-mail?
- Não.
- Como não? (olha o cheiro da crise dos 7 anos...)
- Não vi, tive que almoçar com uma autora e não liguei o computador na volta.
- Não consegui fazer a transferência para pagar a pousada, pedi pra você fazer no Real.
- O caixa eletrônico não faz. Vamos pagar com o cartão quando chegarmos lá.
- Tá. Você está com o MasterCard, né?
- Não, está em casa. (olha o cheiro ficando mais intenso...)
- Mas eu falei que eles só aceitam MasterCard!
- Eu sei, mas não peguei quando saí!
- E agora?
- Não sei, liga pra pousada e pergunta o que dá pra fazer.
- Não trouxe o telefone de lá.
- E o endereço?
- Quer que eu lembre de tudo?! (pronto, a catinga havia tomado conta do ambiente)

Tivemos de voltar em casa. Pegamos cartão, endereço, telefone e aí sim seguimos viagem. Iniciamos 15:20 da tarde, passando pela frente do Maracanã. Nossa meta, pelos cálculos e indicações de um amigo de Vitória que conhece a estrada, era chegar em Vitória entre 9 e meia e 10 e meia da noite. Dormiríamos e seguiríamos no dia seguinte pela manhã até Caravelas.

Ponte tranquila, primeiro trecho tranquilo, o sol brilhava, a música tocava no rádio, tudo era engraçado... até o primeiro quebra-mola na entrada de Campos. A BR101 que contorna e cruza parte da cidade estava literalmente parada. Foram quase 2 horas e meia até que deixássemos a cidade (um trecho feito na volta em 10 minutos). Detalhe, eram quase 10 horas da noite e estávamos na metade do caminho até Vitória (que, por sua vez, era metade do caminho até Caravelas).

Campos superada, seguimos adiante, era noite, já não estávamos tão risonhos e a música era trocada constantemente. Onze e meia, olhos cansados, bunda quadrada, estrada ruim, resolvemos encostar para procurar um hotel. Em Iconha fomos aconselhados a voltar 8 km e ficarmos em um hotelzinho na beira da estrada, pois Vitória ainda estava um pouquinho distante, cerca de uma hora e meia.

Fizemos isso, avistamos o tal do hotelzinho, com um boteco ao lado. O hotel parecia estar fechado, estava todo apagado. Resolvi descer para perguntar. Quando cheguei no balcão, e aguardava a moça reunir boa vontade para me atender, notei que o amor estava no ar. Casais apaixonados se beijavam ardentemente, enfim, o clima era de pegação. Perguntei do hotel e a moça respondeu: “Tem que tocar a campainha para pedir a chave.”

Neste momento eu estava com 3 neurônios acordados, mas um eles estava muito cansado e havia ficado no carro. Os dois que me acompanharam estavam mais atentos, um disse: “Olha, tem coca-cola gelada!” Já o outro teve uma visão macro da situação: “O imbecil, te manda que isso aqui é um puteiro!”

Embora quisesse muito a coca-cola gelada, entrei no carro e sugeri que seguíssemos até Vitória.

Aportamos pouco antes de entrar em Vitória por volta de 1 e 15 da manhã, no motel que tinha mais luzes (era o único que meu olhos conseguiam enxergar àquela altura).

Comemos e dormimos, quase que simultaneamente.

Acordamos às 9 horas e seguimos por dentro de Vitória, desbravando a terra dos Rueff Camisasca. Tomamos café e deixamos a cidade rumo ao objetivo final – Caravelas.

Pouco tempo depois, entre Serra e Fundão (sim, até no carnaval a Tatiana precisa passar pelo Fundão, isso se chama dedicação) o trânsito parou. Foram mais 2 horas de engarrafamento ao longo de um trecho ridiculamente pequeno. Nesse momento, uma prática que me incomoda bastante passou a me irritar, a ultrapassagem pelo acostamento. O que essas pessoas têm na cabeça, sério? O que passa pelo cérebro de uma criatura assim? Porque pra mim é matemático, se engarrafou é porque em um determinado trecho há mais carro do que o espaço permite deixar fluir. Logo, se você vai pelo acostamento e acrescenta mais carros ainda, o trânsito ficará ainda mais lento. Dããã. E o pior, essas pessoas devem pensar assim: “Foda-se, não sou eu que vou estar lá atrás mesmo”. Mas elas não percebem o erro que cometem. Além de colocarem em risco a vida de um terceiro e da sua própria família, elas dão um péssimo exemplo, na grande maioria das vezes, para os filhos que estão no carro. O recado é basicamente o seguinte, filho, contanto que você se dê bem, pode deixar de lado as leis e regras estipuladas pela sociedade para um convívio harmonioso e pacífico. E eu tenho certeza de que esses mesmos motoristas de acostamento ficam “indignados” ao verem nos jornais políticos escondendo dinheiro, etc, etc, etc. O que eles não pensam é que provavelmente os exemplos que essas pessoas tiveram são os mesmo que eles estão dando para os filhos.

Passamos Fundão, graças a Deus! A partir daí a viagem seguiu tranqüila, apesar dos muitos caminhões e da pista em mão dupla durante todo o caminho. Aliás, em decorrência disso, desenvolvemos um novo tipo de ultrapassagem – ultrapassagem por constrangimento. É mais ou menos assim, você fica tempo suficiente atrás de um carro, ônibus ou caminhão sem conseguir ultrapassá-lo. O resultado é que a pessoa fica tão constrangida que para no primeiro posto, encosta no acostamento ou se joga da estrada para deixar você passar.

No trecho final da viagem, para evitar uma estrada de chão de 60 km, optamos por dar uma voltinha a mais até Caravela, passando por Teixeira de Freitas e Alcobaça. Acrescentamos mais uns 80 km além do que pensamos em percorrer.

Chegamos ao destino final por volta das 17:30. O prêmio após a primeira metade da Odisseia foi um visual lindo nos fundos do hotel, um pôr do sol avermelhado, uma praia vazia e uma água quentinha!!!

A ESTADIA
As imagens falam por si. Sol, tranquilidade, boa companhia, praia, boa comida, belo visual...












A VOLTA

Optamos por sair na quarta e cinzas cedo para evitarmos o trânsito de volta para Vitória. Nossa ideia era novamente chagarmos até Vitória e seguirmos pela Rodovia do Sol, para conhecermos o litoral.

Fomos muito bem até Vitória, chegamos no início da tarde. Conhecemos um pedaço da cidade, passamos pela terceira ponte e entramos em Vila Velha. Aportamos em algumas praias para fotos e seguimos pela tal Rodovia do Sol até Guarapari. Passeamos por uma das praias, mais fotos e decidimos que aproveitaríamos o finzinho de dia para tentarmos chegar até Cachoeiro de Itapemirim, terra do Rei, e ganharmos alguns km a menos no dia seguinte.

Chegamos em Cachoeiro às 20h, após um breve erro no percurso. Comemos e dormimos. Acho que sabíamos o que nos aguardava no dia seguinte.

Saímos de Cachoeiro às 9h, às 14h estávamos no trevo de Rio Bonito, quando tudo parou. Sério, parou! Um pouco depois, cheios de fome, resolvemos, assim como outras 3.572 pessoas, comer alguma coisa no Kiosque do Alemão. Maldita hora, vim conversando com aquele maldito pão com lingüiça até a Ponte Rio-Niterói. A partir do Kiosque foram cerca de 3 horas para andar 9 km. Em determinado momento uma moça que estava no carro ao lado, saiu para fumar e foi caminhando. Passamos por ela minutos depois, sentada na divisória das pistas esperando o carro em que ela estava passar.

Manilha parada, Ponte parada, Praça da Bandeira 18:30h e, finalmente, lar doce lar!

Acho que iniciamos bem a crise dos 7 anos.

Se você me perguntar se eu faria tudo de novo, passando pelos mesmos perrengues, eu diria que para fazer o que eu fiz e ver o que eu vi... sem dúvida!

Obs. Notaram que não mencionei Abrolhos? Pois é, merece um post especial.