Prestes a adentrarmos a zona conhecida por abrigar a crise dos 7 anos, minha capanhera e eu conversamos, analisamos os feriados e vimos que nossa única possibilidade no ano seria viajarmos no carnaval. Eu tinha um dia de folga na editora e poderia alocá-lo na quinta-feira (pós-quarta de cinzas).
Uma vez identificado o momento, partimos para a decisão seguinte... pra onde?
Abrimos o mapa, o site da Gol e começamos a conversar. Exclui daqui, elimina dali, calcula tempo, calcula dinheiro... decidimos, vamos conhecer os lençóis maranhenses. Pesquisamos pousadas, custo, pacote, etc. Dois dias depois, saia nota em O Globo “Lençóis Maranhenses estão secos”. Resumindo, o que era um mundaréu de água tinha virado uma poça.
Mudança repentina de planos, preocupação, dúvida, e agora?
Eis que a louca do mapa me liga na editora: “Vamos pra Caravelas!”
Eu, então, como macho Alva da relação, decidi: “É, vamos mesmo.”
Ela pesquisou pousada, pacote, passeio e organizou tudo. Estávamos preparados para seguir para a Bahia, com o Táta 2 (veículo 1.0 também conhecido pelos menos íntimos como tartaruga), para ficar em Caravelas e passear por Abrolhos. Uma verdadeira aventura.
A IDA
Sexta-feira de carnaval, 14h, conforme combinado, ela me apanha na editora para ganharmos tempo e tentarmos evitar o trânsito da saída ponte e do primeiro trecho da estrada (pra quem não conhece é por onde passa 80% do Rio de Janeiro que viaja no carnaval)
Primeiro diálogo da viagem:
- Viu meu e-mail?
- Não.
- Como não? (olha o cheiro da crise dos 7 anos...)
- Não vi, tive que almoçar com uma autora e não liguei o computador na volta.
- Não consegui fazer a transferência para pagar a pousada, pedi pra você fazer no Real.
- O caixa eletrônico não faz. Vamos pagar com o cartão quando chegarmos lá.
- Tá. Você está com o MasterCard, né?
- Não, está em casa. (olha o cheiro ficando mais intenso...)
- Mas eu falei que eles só aceitam MasterCard!
- Eu sei, mas não peguei quando saí!
- E agora?
- Não sei, liga pra pousada e pergunta o que dá pra fazer.
- Não trouxe o telefone de lá.
- E o endereço?
- Quer que eu lembre de tudo?! (pronto, a catinga havia tomado conta do ambiente)


Fizemos isso, avistamos o tal do hotelzinho, com um boteco ao lado. O hotel parecia estar fechado, estava todo apagado. Resolvi descer para perguntar. Quando cheguei no balcão, e aguardava a moça reunir boa vontade para me atender, notei que o amor estava no ar. Casais apaixonados se beijavam ardentemente, enfim, o clima era de pegação. Perguntei do hotel e a moça respondeu: “Tem que tocar a campainha para pedir a chave.”
Neste momento eu estava com 3 neurônios acordados, mas um eles estava muito cansado e havia ficado no carro. Os dois que me acompanharam estavam mais atentos, um disse: “Olha, tem coca-cola gelada!” Já o outro teve uma visão macro da situação: “O imbecil, te manda que isso aqui é um puteiro!”
Embora quisesse muito a coca-cola gelada, entrei no carro e sugeri que seguíssemos até Vitória.
Aportamos pouco antes de entrar em Vitória por volta de 1 e 15 da manhã, no motel que tinha mais luzes (era o único que meu olhos conseguiam enxergar àquela altura).
Comemos e dormimos, quase que simultaneamente.

Pouco tempo depois, entre Serra e Fundão (sim, até no carnaval a Tatiana precisa passar pelo Fundão, isso se chama dedicação) o trânsito parou. Foram mais 2 horas de engarrafamento ao longo de um trecho ridiculamente pequeno. Nesse momento, uma prática que me incomoda bastante passou a me irritar, a ultrapassagem pelo acostamento. O que essas pessoas têm na cabeça, sério? O que passa pelo cérebro de uma criatura assim? Porque pra mim é matemático, se engarrafou é porque em um determinado trecho há mais carro do que o espaço permite deixar fluir. Logo, se você vai pelo acostamento e acrescenta mais carros ainda, o trânsito ficará ainda mais lento. Dããã. E o pior, essas pessoas devem pensar assim: “Foda-se, não sou eu que vou estar lá atrás mesmo”. Mas elas não percebem o erro que cometem. Além de colocarem em risco a vida de um terceiro e da sua própria família, elas dão um péssimo exemplo, na grande maioria das vezes, para os filhos que estão no carro. O recado é basicamente o seguinte, filho, contanto que você se dê bem, pode deixar de lado as leis e regras estipuladas pela sociedade para um convívio harmonioso e pacífico. E eu tenho certeza de que esses mesmos motoristas de acostamento ficam “indignados” ao verem nos jornais políticos escondendo dinheiro, etc, etc, etc. O que eles não pensam é que provavelmente os exemplos que essas pessoas tiveram são os mesmo que eles estão dando para os filhos.
No trecho final da viagem, para evitar uma estrada de chão de 60 km, optamos por dar uma voltinha a mais até Caravela, passando por Teixeira de Freitas e Alcobaça. Acrescentamos mais uns 80 km além do que pensamos em percorrer.
Chegamos ao destino final por volta das 17:30. O prêmio após a primeira metade da Odisseia foi um visual lindo nos fundos do hotel, um pôr do sol avermelhado, uma praia vazia e uma água quentinha!!!
A ESTADIA
A VOLTA


Chegamos em Cachoeiro às 20h, após um breve erro no percurso. Comemos e dormimos. Acho que sabíamos o que nos aguardava no dia seguinte.
Saímos de Cachoeiro às 9h, às 14h estávamos no trevo de Rio Bonito, quando tudo parou. Sério, parou! Um pouco depois, cheios de fome, resolvemos, assim como outras 3.572 pessoas, comer alguma coisa no Kiosque do Alemão. Maldita hora, vim conversando com aquele maldito pão com lingüiça até a Ponte Rio-Niterói. A partir do Kiosque foram cerca de 3 horas para andar 9 km. Em determinado momento uma moça que estava no carro ao lado, saiu para fumar e foi caminhando. Passamos por ela minutos depois, sentada na divisória das pistas esperando o carro em que ela estava passar.
Manilha parada, Ponte parada, Praça da Bandeira 18:30h e, finalmente, lar doce lar!
Acho que iniciamos bem a crise dos 7 anos.
Se você me perguntar se eu faria tudo de novo, passando pelos mesmos perrengues, eu diria que para fazer o que eu fiz e ver o que eu vi... sem dúvida!
Obs. Notaram que não mencionei Abrolhos? Pois é, merece um post especial.
Trânsito bom, hein?! Rapaz, tivessem avisado levava vcs comigo pra Bolívia! Trânsito zero, higiene zero também! Vcs iam vibrar de emoção, hehehe =D
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