Quando nos mudamos para o apartamento onde moramos hoje, no meio de 2007, eu já estava na editora e a Tatiana acabou fazendo a mudança praticamente sozinha, organizou, conferiu, gerenciou, etc.
Nessa época, logo após a mudança, notamos que o chuveiro do banheiro volta e meia “queimava”. Digo queimava porque quando ele voltava a funcionar (entenda esquentar) quando bem entendia. Percebemos que havia algo de podre no reino da Dinamarca.
Para encurtar a história, o banheiro já havia sido muito mexido por “profissionais” (jardineiro, porteiro, faxineiro, etc), ou seja, a parte elétrica e de canos estava uma “beleza”!
Descobrimos que havia um boiler furado e desativado, e solicitamos à imobiliária que trocasse por um que funcionasse. Troca autorizada e a imobiliária manda seus próprios “profissionais” para realizar o serviço. A princípio, neste dia, eles chegaram para instalar o boiler, que fica suspenso, oculto pelo gesso, sobre o boxe.
A narrativa do diálogo abaixo foi feita pela Tatiana, reproduzo-a fielmente para que vocês compreendam, mais uma vez, porque perco cinco anos de vida em decorrência das preocupações que esses e-mails dela geram na minha cabeça.
Os personagens (reais) receberam os nomes pelos quais se chamavam. O termo carinhoso “retardado” foi acrescentado em um momento de estresse profundo, perfeitamente compreensível, após semanas de enrolação.
“O tal de Neguinho apareceu aqui com outro gênio. O Gilmar ainda não deu as caras. Faz, mais ou menos, 40 minutos que os dois energúmenos estão discutindo sobre onde fazer os furos para colocar o suporte do boiler. Eles já furaram metade do banheiro e não encontraram um lugar.
Tu não vai acreditar no que eles fizeram agora... (eu não entendi direito porque estou sentada no computador e não me levantei daqui pra nada). Eles não pararam de discutir um minuto depois que começaram a furar tudo. Mais ou menos 5 minutos atrás o “retardado” que veio junto disse assim:
Ret: Pronto, vâmo colocá o negócio. (acho q era o suporte)
Ouvi um barulho e ele disse assim:
Ret: Ah não, o furo tá trocado. Você não marcô o lugá pra furá?
Neguinho responde assim:
Neg: Eu marquei, tá aí o risco.
Ret: Eu furei no risco e tá errado. Você marcô errado.
Neg: Eu não! Você que é burro e furou errado!
Ret: Eu não! Você marcô errado e eu furei no marcado.
Neg: Ai meu deus! Não acredito! Sai daí, deixa eu fazê.
Momentos de silêncio e, consequentemente, expectativa. Martelo... Furadeira...
Neg: Não tá certo, não cabe.
Ret: Eu disse!
Neg: Você que fez errado.
Ret: Eu não, eu fiz no marcado.
Silêncio...
Neg: Deixa eu pensá.
Silêncio...
Neg: Também, você pegô a broca errada! Com tanta broca que tinha, você pegô a errada!
Ret: Eu fiz com a que você falô pra fazê, ué. A de 10.
Neg: Não era essa de 10, era aquela outra de 10. E o cano agora?
Ret: Que cano?... Mas você é um cara chato!
Barulho de água caindo pelo banheiro.
Ret: Fecha a água.
Neg: Já tá fechada! Que água é essa? Essa é água fria?
Ret: Que água fria?
Neg: Acho que essa é a água fria... que segunda-fêra maldita. Queria que fosse sábado!
Ret: Anda Neguinho... fecha a água... tô ficando todo molhado!
Silêncio...
Ret: Cadê o parafuso?
Neg: Que parafuso?
Ret: Bóra Neguinho, me dá o parafuso que você trôxe.
Neguinho mexe na bolsa, pega alguma coisa...
Ret: Não é esse!
Neg: Foi esse que eu peguei.
Ret: O parafuso não é esse. Eu falei pra pegá o parafuso que tava em cima da mesa! Cadê aquele parafuso?
Neg: Ah... aquele eu não trouxe...
E até agora eles estão martelando não seio quê. Eles simplesmente não conseguem furar a parede (ou concreto). O Gilmar não vem aqui hoje. Em teoria, eles é que vão deixar tudo pronto.
Olha... por Deus, só Chapolim Colorado!”
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