terça-feira, 19 de março de 2013

A felicidade é um subproduto


Hoje li uma coisa interessante que veio ao encontro de uma sensação que tenho, dissonante do que pensam várias pessoas que conheço e inúmeras que desconheço.
 
Frases como “Agora eu vou ser feliz”, ou “Agora eu quero ser feliz”, ou “Resolvi ser feliz”, ou qualquer outra nesse sentido, e até mesmo a pergunta “Você é uma pessoa feliz?” me fazem responder internamente “Depende”.


Nunca pensei na felicidade como um lugar ou um estado a se estar e permanecer. Também nunca consegui entender essa falsa venda da felicidade, “eu quero ser feliz” e plim – pronto a pessoa agora é feliz. Quer dizer que quem não o é não deseja ser feliz?


Mas sempre foi uma discussão/conversa interna, uma questão de estabelecer princípios particulares. Acho que nunca tive essa discussão com ninguém que não fosse eu mesmo.


Cheguei hoje em um pedaço do livro que estou lendo e me deparei com um trecho de um filósofo inglês chamado John Stuart Mill:


“No início, eu não questionava a convicção de que a felicidade é a prova de todas as regras de conduta e o objetivo que se persegue na vida. Mas agora acho que esse objetivo só pode ser atingido não o tornando a meta direta. Só são felizes (a mim ocorre) aqueles que têm a mente fixada em algum objeto que não seja a própria felicidade: a felicidade de outras pessoas, a melhoria da humanidade ou, inclusive, alguma arte ou projeto que não se persiga como um meio, mas como uma meta em si ideal. Assim, fixando-se em outra coisa, encontra-se incidentalmente a felicidade [...] Pergunte a si mesmo se você é feliz e deixará de sê-lo. A única opção é considerar não a felicidade, mas algum outro fim externo a ela como o propósito de nossa vida. Deixe que suas reflexões, seu escrutínio e sua introspecção se esgotem nisso. E, se tiver a sorte de vê-los cercados de outras circunstâncias favoráveis, inspirará a felicidade com o mesmo ar que respira, sem se deter em pensar nela, sem deixar que ocupe a sua imaginação, e sem afugentá-la com interrogações fatais.”


A minha sensação está verbalizada nas palavras acima. Independentemente de qual seja o seu objeto de busca, de meta direta, essa dita felicidade não é nada mais nada menos que o resultado dessa busca. Cada um busca e vive pelo que deseja; os objetivos individuais, familiares e profissionais de cada um formam um conjunto singular de metas individuais de vida cuja proximidade ou alcance nos gera esse subproduto em maior ou menor volume durante um maior ou menor período de tempo – que para mim é intermitente.


Para mim uma pessoa não é feliz, ela está feliz. Umas mais vezes que outras, outras por mais tempo que umas; mas nenhuma delas acordou um belo dia e disse “Vou ser feliz por 7 meses e meio!” e... PLIM!


Você está feliz?


Eu?... Tenho estado.