segunda-feira, 5 de julho de 2010

É só futebol

Qual foi a novidade? Vai dizer que alguém realmente acreditava logo após a convocação que a seleção ia faturar o hexa?


Todo mundo sabia que mais dia menos dia seríamos eliminados, fosse na primeira fase, nas oitavas, nas quartas, nas semi ou na final (nesta com muito boa vontade).


Recapitulando:


- O Dunga nunca foi técnico; o Felipe Melo não é jogador para a seleção; o Robinho não é meia; o Michel Bastos não é lateral, é ala; o Gilberto foi lateral; o Maicon e o Daniel Alves não são laterais, são alas; o Júlio Batista não é meia, não é atacante, não é volante... pra falar a verdade eu nem sei o que ele é.


- Kaká, cérebro do time e voltando de lesão, não tinha um substituto direto ou com características semelhantes, ou seja, se fosse expulso (como foi) ou caso se machucasse de novo, não conseguiríamos manter a mesma composição tática.


- O time só sabia jogar pela direita, uma vez marcada, não tínhamos outra opção.


- Não tínhamos no banco opções para mudar a cara de um jogo. Nosso banco ela limitado e cheio de muito do mesmo.


Enfim, essas são apenas algumas das razões pelas quais não iríamos ganhar este mundial.


Isso não quer dizer que o Dunga tenha feito um trabalho ruim. Não, o trabalho foi bom. Bom para ganhar uma Copa América, bom para ganhar uma Copa das Confederações, bom para ficar em primeiro nas eliminatórias sul-americanas; mas não foi um trabalho bom para se vencer uma Copa do Mundo. Para tentar vencer uma Copa do Mundo você precisa ter à sua disposição os melhores jogadores e, com eles, montar um time. Dunga formou um time, mas não com os melhores jogadores. Mas lembremos que validamos a sua escolha quando condenamos a seleção de 2006 e elegemos os culpados.


Mas o que realmente queria falar não era nada disso. Queria lembrar que não há razão para essa fossa durar mais de 24 horas. Acho que em determinados momentos canalizamos nossas emoções mais superficiais e mais profundas para coisas muito simples que adquirem uma proporção que não deveriam ter. E o futebol, a cada dia que passa, caracteriza-se como um receptor direto para essa canalização.


Percebam, o futebol é um esporte, assim como o vôlei, o xadrez e o ciclismo – não estou discutindo popularidade. Como qualquer outro esporte, ele é praticado por seres humanos passíveis de erro, certo? Logo, não há como exigir perfeição. Todo mundo acompanhando? Ótimo. Então, nada mais normal que atletas errarem, e desses erros surgirem possíveis derrotas. Portanto, qual a lógica em se crucificar um atleta pelo erro? Nenhuma, porque ele, o erro, cedo ou tarde acontece. Qual a necessidade de se procurar um “culpado” pelo “fracasso”? Lembremos que, por essência, o esporte nos ensina, desde pequenos, a vencer e a perder; nos ensina que ganhar e perder são duas faces de uma mesma moeda, e que essa moeda ajuda a construir nosso caráter, independentemente dos resultados que obtivemos no jogo ou na vida.


Continuemos torcendo pelos nossos times e pela seleção, mas lembremos que no apito final o que se encerra é apenas uma partida de futebol, nada mais.


Enfim, em se tratando de seleção, precisamos aprender a perder, ou corremos o risco de estragar uma das poucas coisas em que ainda somos os melhores do mundo.


Afinal, 2014 já é amanhã.